terça-feira, 22 de maio de 2012

As Condições Institucionais da Aprendizagem Motivada Pelo Currículo


AS CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS DA APRENDIZAGEM MOTIVADA PELO CURRICULO

A aprendizagem dos alunos está diretamente ligada nas funções que a escola deve cumprir com os indivíduos que a frequentam.  Como consequência, a qualidade da educação fica definida pelas características da aprendizagem pedagógica. Dessa forma, para potencializar a qualidade da educação deve-se melhorar as condições  nas quais essa aprendizagem se produz e no tipo de metodologia utilizada.
Considerando isso, pode-se dizer que o currículo é um projeto cultural que a escola torna possível, sendo que algumas variáveis possuem influência maior que outras (variáveis diretas e moduladoras). Para a formação do currículo, deve-se considerar a ligação entre conhecimento e experiência, processos e os ambientes de aprendizagem. Nesses processos de aprendizagem o professor exerce influência de forma direta e moduladora, sendo capaz de transformá-lo (dependendo de suas habilidades). O ambiente escolar também pode ser transformado pelas relações externas.

A COMPLEXIDADE DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: EXPRESSÃO DA COMPLEXIDADE DA ESCOLA

O currículo é desenvolvido pela ligação de diversos fatores: praticas politicas, administrativas, institucionais e pedagógica e este torna-se determinante do que ocorre nas aula e na experiência que o aluno obtém da instituição escola. Além disso, o currículo é afetado e afeta a instituição escolar (tamanho das classes, meios didático, etc.). Para ter esse entendimento, é necessário  ter uma visão do ambiente escolar como fonte de aquisições.
De acordo com Lundgren (1979) os campos de referências resultam do englobamento de funções externas da educação que se constituem fora do processo de ensino, ou seja, dependem de fatores externos e internos, anteriores ou simultâneos.
Ainda segundo esse autor, existem 03 sistemas condicionadores dos processos educativos: o currículo, o sistema administrativo e todas as regulações legais. Esses três sistemas são resultados de um sistema mais geral de estrutura econômica, social e cultural. Devido a essa amplitude, na maioria dos casos esses sistemas ficam fora do controle de professores e alunos. A restrição, direção ou regulamentação das metas, do campo de referencias e das regras dos processos educativos são resultados desses sistemas.
Levando o exposto acima em consideração, é possível afirmar que a pratica do ensino não é um produto de decisões dos professores mas exige atuações de campos externos como politico, administrativo e jurídico.
As aprendizagens derivadas do currículo são as que se realizam dentro dessas condições. O ambiente cultural do currículo é um fator que torna-se importante para que determinados efeitos possam ser obtidos do mesmo. Esse projeto cultural se dá num ambiente que é elemento modelador ou mediatizador das aprendizagens e fonte de estímulos originais. A escola e o ambiente escolar que se cria sob suas condições são currículos ocultos, fonte de aprendizagem para o aluno. 
Na definição do currículo é de suma importância considerar toda a vida escolar, pois os alunos/professores são influenciados por variáveis que estão fora do ambiente escolar e que mudam ao longo do tempo.
O currículo é formado pela ligação entre todas as variáveis externas, mediações sociais e as características da própria instituição. A dimensão ambiental do currículo se reflete nos modelos educativos referidos principalmente na educação infantil ou, em menor intensidade, no primeiro grau. Nos outros níveis escolares, o ambiente é mais homogêneo.
De acordo com Apple (1973) é possível distinguir sies aspectos básicos do ambiente escolar de sala de aula que se consideram como parte integrante do currículo efetivo dos alunos:
1)      Conjunto arquitetônico das escolas, regulados por si mesmo.
2)      Aspectos materiais e tecnológicos
3)      Os sistemas simbólicos e de informação
4)      A habilidade do professor
5)      Estudante e outro tipo de pessoal
6)      Componentes organizativos e de poder.
Por outro lado, Shubert (1986) considera as seguintes dimensões do ambiente escolar: dimensões físicas, materiais, interpessoal, institucional e psicossocial.
Em todas essas fontes de aprendizagem ou dimensões do ambiente, modeladoras dos efeitos do currículo, mencionadas acima, seria necessário acrescentar o planejamento e a avaliação. O principal objetivo com isso é ordenar o fluxo de estímulos e da ação.  Na escola, não se pode aprender qualquer coisa em qualquer momento. O currículo auxilia na ordenação em cursos, blocos e etc auxiliando a proporcionar experiências ordenadas não devendo ser rígido ou inflexível. E essa ordenação é auxiliada pela avaliação.
Avalia-se para controle não apenas para conhecer o progresso dos alunos. Contudo, é importante ressaltar que nem tudo é avaliável.
A interação entre todas essas dimensões do ambiente escolar preenche o conteúdo do currículo oculto e filtra os efeitos do currículo explícito e o ambiente institucional, estruturado fisicamente e socialmente, torna-se decisivo.

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS

1  1) A primeira conclusão importante é que com o currículo ampliado da escolaridade obrigatória a profissionalidade docente deve passar por uma mudança incisiva em seu conceito e conteúdo. As competências do professor ideal são resultados da ponderação de objetivos do currículo em diferentes situações históricas, geográficas. Culturais e etc. Essas mudanças curriculares exigem um novo professor. O professor deve ser capaz de entender as mudanças pelas quais passara durante toda sua vida profissional. Os professores devem entender toda a dinâmica cultural, a existência de paradigmas conflitivos, o relativismo bem como a pressão das necessidades politicas, econômicas e sociais.  É necessário entender que não há respostas fixas em situações volúveis.

Contudo, na maioria dos casos, o professor não costuma dominar as chaves que explicam a evolução do saber, não participando da elaboração pedagógica do saber e limitando-se em seguir um currículo já desenvolvido por agentes exteriores. Para participar ativamente, é requerida uma formação cultural cientifica e solida. Essa formação não é requerida para enfrentar currículos mais complexos e elevados, mas sim para entender as chaves da produção do saber.

2) As competências citadas no item anterior não são fáceis de propiciar pois exigem capacidade para estruturar ambientes complexos, tomar decisões em ambientes ambíguos, ligar experiência e necessidade dos alunos, entre outros. O professo precisa uma formação aberto, ter autonomia e ferramentas que o capacite para tomar as decisões informadas.

Como os objetivos do currículo vão além do âmbito intelectual (social, afetivo e moral), a competência docente se amplia e se dilui e os critérios do que são ou não procedimentos corretos para uma educação acertada são muito incertos e discutíveis.

3) As metodologias, saberes e habilidades profissionais diferentes, exigidas pelo novo currículo, levam a uma nova forma de relacionamento professor/aluno, nova forma de avaliação e controle. A sociedade cria uma imagem ideal de professor que pode ser utópica e fugir da realidade. Todo esse contexto reflete em tensões para o profissional que não tem todas as ferramentas (formação, condições de trabalho) necessárias para atingir essa imagem ideal e acaba sendo pressionado.

4) Os novos modelos educativos e os novos modelos de currículo necessitam de uma transformação pedagógica no conteúdo, nos métodos e nas condições. Dessa forma, será necessário considerar: formação dos professores, transformação das condições da escola, conflitos do ambiente exterior, mudanças de atitude, relações de poder, relações sociais e pessoais  e inovação curricular. 

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