sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Escola Mata a Criatividade do Aluno?

Gostaria de compartilhar com os colegas e com a professora Rita Stano um vídeo que encontrei por acaso no youtube, o vídeo fala de como a escola MATA a criatividade dos alunos. Tem tudo a ver com o que aprendemos na aula de Currículo, as disciplinas o comportamento tudo tem um propósito, formar para o capital. Por que não aprendemos outros assuntos tão importantes a vida (como a Rita mesmo diz, seria inútil falar sobre Amor nas escolas?).

Segue o vídeo abaixo, e tenho certeza que ele despertará várias reflexões e questionamentos em todos nós.


- Bruno Átila

terça-feira, 22 de maio de 2012

O Pensamento Curricular no Brasil


O PENSAMENTO CURRICULAR NO BRASIL

Nos anos 20, através de acordos bilaterais entre governos brasileiros e norte-americanos, iniciam-se as preocupações no campo de currículo no Brasil. Somente após 60 anos o referencial nacionalista norte-americano foi abalado. A partir disso, o pensamento curricular passou a sofrer outras influências (francesa, marxista) bem com a inclusão de trabalhos de pesquisadores brasileiros tendo com referência os pensamentos críticos. 
A partir dos anos 90, o pensamento curricular passou por uma nova faze. O currículo passou a ser visto com enfoque sociológico e como um espaço de relações de poder. O currículo passou a ser visto como construção social do conhecimento e buscaram-se relações entre o conhecimento científico, conhecimento escolar, saber popular e senso comum. Além disso, a política passou a fazer parte do contexto curricular. A ideia central era de que a compreensão do currículo só é possível quando inserido no contexto político, econômico e social. 
Ainda na década de 90, os enfoques pós–moderno e pós-estruturais passaram a fazer parte do pensamento curricular, sofrendo influência de autores com Foucault, Derrida, Deleuze, Guattai e Morin. Ainda nessa década, ao hibridismo (multiplicidade de tendências e influências ligadas) se tornou a marca do pensamento curricular no Brasil. Contudo, mesmo garantindo maior vigor ao campo, o hibridismo permite certa dificuldade na definição do que vem a ser currículo. Com isso, o currículo torna-se um campo em que diferentes autores, embasados em capital social e cultural na área, apresentam seu entendimento e tomam como verdade.
Em outras palavras, quando analisamos a produção no campo do currículo, o conhecimento de sujeitos capacitados é considerado o objeto. Como resultado, é a relação de poder nesse campo que fazem algumas ideias, de interesse especifico, tornarem-se aceitas

HIBRIDISMO: A MARCA DO CAMPO DO CURRÍCULO

No Brasil, há três principais grupos que são: a perspectiva pós-estruturalista, o currículo em rede e a historia do currículo.
- Perspectiva Pós-Estruturalista: essa perspectiva é oriunda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio dos pensamentos de Silva. Nos primeiros trabalhos, as conexões entre os processos de seleção, organização e distribuição dos currículos escolares e a dinâmica de produção e reprodução da sociedade capitalista são analisadas. Posteriormente, as teorizações críticas passam a ser influenciadas pelas ideias pós-modernas. A preocupação é integrar análise e ação política e a contestação entre o conhecimento e o conhecimento escolar.
A partir daí, ocorre a ruptura quanto à interpretação do conhecimento com a inserção do pensamento pós-estruturalista. No pensamento pós-estruturalista, o foco não é somente na questão econômica, mas também para questões de gênero, etnia, sexualidade bem como razão, ciência e progresso.  Ademais, nesse pensamento não há visão do futuro. Outra descontinuidade apresentada diz respeito a ideologias, que são vistas por esses pensadores com uma visão falsa do mundo social em oposição a realidade, que é considerado o discurso verdadeiro.
De acordo com Silva e Michael Young, “o verdadeiro critério de validação do saber é a sua capacidade de contribuir para a liberação humana...”.
A defesa da subjetividade fragmentada, descentrada e contraditória assim como o questionamento das ideias de emancipação e de conscientização são as principais marcas do pensamento pós-estruturalista. Ou seja, nessa fazer, não há somente um discurso verdadeiro, mas sim discursos não equivalentes.
Em adição, para o pensamento pós-estruturalista o conhecimento e o saber constituem fontes de libertação, esclarecimento e autonomia isto porque há um estado permanente de luta contra posições e relações de poder. Além disso, se o sujeito foi constituído na e pela linguagem, não é possível falar em um sujeito autônomo.
Após estudos adicionais e com efeito de uma virada linguística, assume o entendimento de que a maneira como o mundo é definido e dividido por cada indivíduo é o sistema que nos faze refletir, ver e interpretar os objetos do modo como fazemos.  Esse sistema foi definido com epistemologias sociais.
A partir desse pensamento, acredita-se ser melhor evitar que discursos de grupos restritos sejam opressivamente apresentados como únicos possíveis e única direção a ser tomada no campo educacional e do currículo. Com isso, é possível conceber que a Teoria de Currículo é constituída de saber e poder.
Nesse ponto, o currículo é considerado uma forma que representação que constitui com sistema de regulação moral e de controle. Ou seja, o currículo é o determinante e o produto das relações de poder e identidades sociais.
- currículo e conhecimento em rede: Essa vertente de pensamento ganhou destaque na segunda metade da década de 9 e foi originada de pesquisadores  do Rio de Janeiro, principalmente, por meio de Nilda Alvez e Regina Leite Garcia e se intensificou por meio da coleção de livros denominada “O Sentido da Escola”. A principal influencia é francesa e atualmente o autor Boaventura de Sousa Santos tem sido o mais importante.
Nesse estudo, o foco central é a categoria cotidiana e formação de professores.
Alves (1986) apresenta quatro esferas articuladas de formação de profissionais: formação acadêmica, ação governamental, pratica pedagógica e pratica política.  A prática atuava como articuladores entre as esferas politicas e teóricas. Em 1988 há uma rediscussão sobre a formação de professores, defendendo uma base comum nacional. Nesse contexto novamente é levantada a questão da centralidade da pratica social e a existência de vários espaços de formação articuladas.
No ano de 1992, um curso de Pedagogia é apresentado por Alves e Garcia na Universidade Federal de Fluminense. Nesse curso era defendido que o conhecimento fosse entendido como pratico, social e histórico, negando a ordenação, a linearidade e a hierarquização. Nesse ponto, a experiência curricular era desenvolvida em um processo alternado: o individual e o coletivo, resultante do cotidiano.  Em outras palavras, o conhecimento vai se moldando em redes que correspondem aos mais diversos contextos cotidianos.
A concepção de rede de conhecimento passa por uma maior elaboração teórica. Acredita-se que o currículo está diretamente relacionado com conceito moderno de conhecimento. Se considerar que o mundo moderno esta em crise é necessário criar novas perspectivas para a tematização curricular. Dessa forma, as três esferas do mundo moderno passam a ser consideradas, que são: o mundo do trabalho, produção cientifica e o questionamento da razão como forma privilegiada de entendimento do mundo. Com a fluidez, coletivização do mundo moderno, os saberes resultantes das ações cotidianas passam a ter maior influencia que o currículo moderno.
Como forma geral, o conhecimento em rede é baseado nas esferas cotidianas da sociedade, tecido por contatos múltiplos e pela junção da teoria e da pratica. Essa nova moldagem, além de eliminar as fronteiras entre ciência e senso comum, torna-se fundamental considerando a multiplicidade e a complexidade de relações nas quais as pessoas estão constantemente envolvidas em que criam conhecimentos e agregam o conhecimento de outros seres humanos.

HISTÓRIA DO CURRÍCULO E CONSTITUIÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR

Nos primeiros anos, o estudo sobre o currículo era influenciado pelas discussões inglesas e em paralelo pelas discussões nacionais, por meio de estudos históricos que passariam a ser um dos principais itens discutidos pelo Núcleo de Estudos de Currículo (NEC).
 O trabalho desse grupo segue duas linhas principais: o estudo do pensamento curricular brasileiro e o estudo das disciplinas escolares. O segundo vem sendo desenvolvido pelo NEC, tendo como objetivo a constituição do campo de currículos e as influencias estrangeiras.
Nos primeiros anos de estudo, a influencia estrangeira é o principal foco. O limite do enfoque foi analisado com a intenção de evitar interpretações que reduziam a produção brasileira a um simples copia do tecnicismo que se elaborava nos EUA.
Entre 1994 e 1996, buscou-se repensar o conceito de transferência tanto no pensamento curricular quanto focalizando o ensino de currículos na Universidade do Rio de Janeiro. Nesse ponto, a globalização, a hibridização cultural, o cosmopolitismo e a temática do multiculturalismo  passam a ser considerados. É nesse ponto também que as preocupações com a discussão da identidade são levadas em consideração.
Com isso, um grupo de estudiosos faz analise das produções teóricas bem como das politicas implementadas no país, dos currículos vigente, da função do professor e do intelectual na constituição do campo e das praticas vividas. Com essa análise coloca-se em crise a concepção de currículo como texto politico e a existência de uma reconfiguração.
No que diz respeito ao papel do pesquisador / professor, esse individuo é colocado como capaz de se apropriar das diferentes produções para construir soluções e propostas alternativas. Nestes trabalhos a relação entre teoria e pratica são valorizadas.
Como uma segunda linha de trabalho desse grupo considera-se a historia das disciplinas escolares partindo de seu desenvolvimento até sua consolidação tendo com principal base a forma como as instituições específicas são desenvolvidas. Esses trabalhos buscam atuar na inserção entre o estudo das disciplinas escolares e o estudo das instituições educacionais.
Os estudos dessa linha apontam a escola como há uma ligação entre o cultural, o social e o pedagógico. Assim sendo, a formação do currículo é influenciada pela instituição. Além da instituição, o professor também influenciam os alunos, motivando ou não, por meio das relações de sua disciplina com as vivencias desses alunos.
Contudo, quando se considera  a influencia da instituição e do professor, existem algumas outras variáveis que influenciam: as lideranças disciplinares, a maior ou menos autonomia da instituição frente aos mecanismos oficiais e a própria formação do profissional.
TENDÊNCIAS
A principal marca do campo do currículo no Brasil é o hibridismo, ou seja, um campo habitado por sujeitos híbridos culturais e em que se misturam as influências, as interdependências e as rejeições.
O processo de hibridização ocorre com a quebra e a mistura de diversos fatores influenciadores.
Além disso, é importante considerar a o foco politico e pós moderno. Nesse contexto, associam-se as perspectivas do futuro de mudanças, fundamenta-se na filosofia do sujeito, da consciência e a valorização do conhecimento como produtor dos sujeitos críticos e autônomos.
Outra marcar é trazer de volta os discursos que estão foram do campo educacional. Por exemplo, passa-se a considerar a filosofia e a sociologia. Essa redefiniçao envolve tanto um reterritorialização das referências à produção em currículo, mas também da construção de novas preocupações. Nesse ponto ao principal tendência é a valorização é a valorização de certa discussão da cultura.
Contudo, a relação com os demais campos precisa ser analisada pelo pesquisador que irá apropriar-se do que lhe é útil. Portanto, os pesquisadores devem revalorizar as discussões sobre currículos buscando a movimentação entre os diversos campos e assimilando os melhores elementos. 

As Condições Institucionais da Aprendizagem Motivada Pelo Currículo


AS CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS DA APRENDIZAGEM MOTIVADA PELO CURRICULO

A aprendizagem dos alunos está diretamente ligada nas funções que a escola deve cumprir com os indivíduos que a frequentam.  Como consequência, a qualidade da educação fica definida pelas características da aprendizagem pedagógica. Dessa forma, para potencializar a qualidade da educação deve-se melhorar as condições  nas quais essa aprendizagem se produz e no tipo de metodologia utilizada.
Considerando isso, pode-se dizer que o currículo é um projeto cultural que a escola torna possível, sendo que algumas variáveis possuem influência maior que outras (variáveis diretas e moduladoras). Para a formação do currículo, deve-se considerar a ligação entre conhecimento e experiência, processos e os ambientes de aprendizagem. Nesses processos de aprendizagem o professor exerce influência de forma direta e moduladora, sendo capaz de transformá-lo (dependendo de suas habilidades). O ambiente escolar também pode ser transformado pelas relações externas.

A COMPLEXIDADE DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: EXPRESSÃO DA COMPLEXIDADE DA ESCOLA

O currículo é desenvolvido pela ligação de diversos fatores: praticas politicas, administrativas, institucionais e pedagógica e este torna-se determinante do que ocorre nas aula e na experiência que o aluno obtém da instituição escola. Além disso, o currículo é afetado e afeta a instituição escolar (tamanho das classes, meios didático, etc.). Para ter esse entendimento, é necessário  ter uma visão do ambiente escolar como fonte de aquisições.
De acordo com Lundgren (1979) os campos de referências resultam do englobamento de funções externas da educação que se constituem fora do processo de ensino, ou seja, dependem de fatores externos e internos, anteriores ou simultâneos.
Ainda segundo esse autor, existem 03 sistemas condicionadores dos processos educativos: o currículo, o sistema administrativo e todas as regulações legais. Esses três sistemas são resultados de um sistema mais geral de estrutura econômica, social e cultural. Devido a essa amplitude, na maioria dos casos esses sistemas ficam fora do controle de professores e alunos. A restrição, direção ou regulamentação das metas, do campo de referencias e das regras dos processos educativos são resultados desses sistemas.
Levando o exposto acima em consideração, é possível afirmar que a pratica do ensino não é um produto de decisões dos professores mas exige atuações de campos externos como politico, administrativo e jurídico.
As aprendizagens derivadas do currículo são as que se realizam dentro dessas condições. O ambiente cultural do currículo é um fator que torna-se importante para que determinados efeitos possam ser obtidos do mesmo. Esse projeto cultural se dá num ambiente que é elemento modelador ou mediatizador das aprendizagens e fonte de estímulos originais. A escola e o ambiente escolar que se cria sob suas condições são currículos ocultos, fonte de aprendizagem para o aluno. 
Na definição do currículo é de suma importância considerar toda a vida escolar, pois os alunos/professores são influenciados por variáveis que estão fora do ambiente escolar e que mudam ao longo do tempo.
O currículo é formado pela ligação entre todas as variáveis externas, mediações sociais e as características da própria instituição. A dimensão ambiental do currículo se reflete nos modelos educativos referidos principalmente na educação infantil ou, em menor intensidade, no primeiro grau. Nos outros níveis escolares, o ambiente é mais homogêneo.
De acordo com Apple (1973) é possível distinguir sies aspectos básicos do ambiente escolar de sala de aula que se consideram como parte integrante do currículo efetivo dos alunos:
1)      Conjunto arquitetônico das escolas, regulados por si mesmo.
2)      Aspectos materiais e tecnológicos
3)      Os sistemas simbólicos e de informação
4)      A habilidade do professor
5)      Estudante e outro tipo de pessoal
6)      Componentes organizativos e de poder.
Por outro lado, Shubert (1986) considera as seguintes dimensões do ambiente escolar: dimensões físicas, materiais, interpessoal, institucional e psicossocial.
Em todas essas fontes de aprendizagem ou dimensões do ambiente, modeladoras dos efeitos do currículo, mencionadas acima, seria necessário acrescentar o planejamento e a avaliação. O principal objetivo com isso é ordenar o fluxo de estímulos e da ação.  Na escola, não se pode aprender qualquer coisa em qualquer momento. O currículo auxilia na ordenação em cursos, blocos e etc auxiliando a proporcionar experiências ordenadas não devendo ser rígido ou inflexível. E essa ordenação é auxiliada pela avaliação.
Avalia-se para controle não apenas para conhecer o progresso dos alunos. Contudo, é importante ressaltar que nem tudo é avaliável.
A interação entre todas essas dimensões do ambiente escolar preenche o conteúdo do currículo oculto e filtra os efeitos do currículo explícito e o ambiente institucional, estruturado fisicamente e socialmente, torna-se decisivo.

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS

1  1) A primeira conclusão importante é que com o currículo ampliado da escolaridade obrigatória a profissionalidade docente deve passar por uma mudança incisiva em seu conceito e conteúdo. As competências do professor ideal são resultados da ponderação de objetivos do currículo em diferentes situações históricas, geográficas. Culturais e etc. Essas mudanças curriculares exigem um novo professor. O professor deve ser capaz de entender as mudanças pelas quais passara durante toda sua vida profissional. Os professores devem entender toda a dinâmica cultural, a existência de paradigmas conflitivos, o relativismo bem como a pressão das necessidades politicas, econômicas e sociais.  É necessário entender que não há respostas fixas em situações volúveis.

Contudo, na maioria dos casos, o professor não costuma dominar as chaves que explicam a evolução do saber, não participando da elaboração pedagógica do saber e limitando-se em seguir um currículo já desenvolvido por agentes exteriores. Para participar ativamente, é requerida uma formação cultural cientifica e solida. Essa formação não é requerida para enfrentar currículos mais complexos e elevados, mas sim para entender as chaves da produção do saber.

2) As competências citadas no item anterior não são fáceis de propiciar pois exigem capacidade para estruturar ambientes complexos, tomar decisões em ambientes ambíguos, ligar experiência e necessidade dos alunos, entre outros. O professo precisa uma formação aberto, ter autonomia e ferramentas que o capacite para tomar as decisões informadas.

Como os objetivos do currículo vão além do âmbito intelectual (social, afetivo e moral), a competência docente se amplia e se dilui e os critérios do que são ou não procedimentos corretos para uma educação acertada são muito incertos e discutíveis.

3) As metodologias, saberes e habilidades profissionais diferentes, exigidas pelo novo currículo, levam a uma nova forma de relacionamento professor/aluno, nova forma de avaliação e controle. A sociedade cria uma imagem ideal de professor que pode ser utópica e fugir da realidade. Todo esse contexto reflete em tensões para o profissional que não tem todas as ferramentas (formação, condições de trabalho) necessárias para atingir essa imagem ideal e acaba sendo pressionado.

4) Os novos modelos educativos e os novos modelos de currículo necessitam de uma transformação pedagógica no conteúdo, nos métodos e nas condições. Dessa forma, será necessário considerar: formação dos professores, transformação das condições da escola, conflitos do ambiente exterior, mudanças de atitude, relações de poder, relações sociais e pessoais  e inovação curricular.